São Paulo, uma ilha de calor

 

Nesses dias de tanta secura a altas temperaturas no estado de São Paulo, muitos já devem ter se perguntado como poderíamos, ao menos, amenizar tanto desconforto. Nas áreas urbanas, que tiveram seu crescimento desordenado, moldadas de concreto e asfalto, a situação se agrava por causa da poluição atmosférica, que favorece ainda mais a elevação das temperaturas.

Ilhas de calor, o que são?

Também conhecida por heat island, em inglês, a ilha de calor é um fenômeno climático identificado pela grande diferença de temperaturas de um centro urbano em comparação com as áreas rurais próximas. A oscilação de temperatura entre o centro de uma grande cidade e uma zona rural pode variar de 4°C a até 11°C e a principal diferença ocorre nos níveis de absorção de calor do solo, onde nas redondezas das áreas urbanas são de 75%, enquanto nos centros urbanos chegam a 98%, ou seja, quase nada é refletido!

 

gráfico mostrando o aquecimento nas diferentes zonas | imagem: arquivo pessoal

O poder refletor de calor fora das grandes cidades é muito maior do que dentro delas, graças à cobertura vegetal, que desempenha importante papel nos processos de evaporação e evapotranspiração. Já os centros urbanos, totalmente impermeabilizados pelo crescimento desordenado e ainda carentes de áreas verdes, não conseguem dispersar o que foi acumulado durante o dia.

Principais causas

  • Impermeabilização do solo;
  • Desvio das águas por bueiros e galerias;
  • Ausência de áreas verdes;
  • Poluição atmosférica;
  • Interferência dos edifícios na circulação dos ventos.

Como enfrentar o problema

As grandes cidades já estão configuradas, a maioria delas privilegiando o carro como meio de transporte e com isso dificultando ainda mais quaisquer possibilidades de avanços na qualidade de vida dos usuários. Precisamos de mais áreas verdes, a OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda 12 m² de área verde por habitante (que nem é um índice tão alto).

A cidade de Goiânia está no topo do ranking com 94 m², enquanto São Paulo apresenta vergonhosos 2,6 m². Segundo a Rede Nossa São Paulo, Parelheiros segue na liderança com invejáveis 312, 82 m² de área verde por habitante, enquanto o bairro da Mooca apresenta apenas 0,35 m². Mas algumas medidas simples podem ser tomadas por seus moradores, como transformar em vegetação as áreas impermeabilizadas das residências, através de telhados e muros verdes, confira alguns exemplos:

 

muro verde implantado em cobertura residencial na vila nova conceição | imagem: léo barrilari
muro verde composto por espécies diversas, implantado em cobertura | imagem: léo barrilari

Os telhados e muros verdes ainda oferecem outras vantagens, como conforto termoacústico às edificações, podendo reduzir em até 30% o consumo de energia. Pintar os telhados de branco também podem melhorar consideravelmente a sensação térmica nas cidades, principalmente se feito em grande escala.

Sim, é possível amenizar o problema pontualmente e ter resultados imediatos, já que algumas soluções construtivas, além das já citadas anteriormente, ajudam a reduzir as temperaturas, mas o ideal mesmo é que a cidade como um todo tenha mais áreas verdes e menos poluição dos veículos, pena que questões como essa, ao meu ver, fundamentais para a saúde e o bem estar dos cidadãos, sejam tratadas com tanto descaso.