Paulo Mendes da Rocha e a cidade

 

paulo mendes da rocha, da janela de seu escritório | imagem: cau/br

 

Precisei compartilhar com vocês essa entrevista do grande arquiteto Paulo Mendes da Rocha ao jornal El País, onde ele fala tantas verdades que chega a emocionar.

Me sinto realmente muito orgulhosa em tê-lo conhecido pessoalmente, em ter visitado várias de suas obras e em poder, há pouco tempo, ter recebido um convite para participar de uma intervenção na Casa Miani, uma residência de sua autoria aqui em São Paulo.

Separei alguns trechos retirados da entrevista só para vocês sentirem o teor do comprometimento desse arquiteto e urbanista com todas as questões sociais que envolvem as cidades e seus usuários, geralmente esquecidos por aqui.

“O estudante que vai comer na cantina da escola é uma espécie de idiota diante do estudante que vai ao botequim da esquina e encontra o jornalista, o operário…”.

“Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, da noite para o dia verticalizou-se o bairro de Copacabana. Mas aqueles moradores não dispensavam babá para as crianças, copeira, cozinheira, faxineira para os prédios, porteiro. Aquilo virou uma espécie de Casa Grande e Senzala.”.

“Eu tenho a impressão que só a garagem do Conjunto Nacional na Avenida Paulista, se fosse um reservatório de água, daria para alimentar metade da cidade por quase um mês.”.

“Entretanto, também já há consciência que o automóvel virou uma estupidez muito em evidência. O mundo está em guerra por causa do petróleo. E você queima o petróleo para levar uma lataria que pesa 700 quilos e lá dentro tem um cretino de 70 quilos. Alguma coisa está errada.”.

Confira então a entrevista na íntegra e aproveite para repensar algumas dessas questões e em como cada um de nós é sim responsável, de alguma forma, por todo o caos que estamos vivendo hoje em nossas cidades.