Protestos em São Paulo

Então, estamos no quarto dia de protestos contra o aumento da passagem de ônibus em São Paulo e você ainda acredita mesmo que isso tudo é “coisa de um monte de vândalos arruaceiros”?

Não, não é.
E pensar dessa forma é absolutamente cômodo, pois foi exatamente esta postura que fomos conduzidos a exercer ao longo dos anos, a de nos manter pacificamente na zona de conforto.
Sim, isso tudo tem a ver com você, que mania essa nossa de achar que não somos povo, esse hábito cretino de querer se diferenciar da maioria, por status ou sei lá o quê.
Somos povo e somos responsáveis coniventes por toda injustiça e corrupção que tomou conta desse país em todas as esferas da nossa sociedade, ao ponto de considerarmos perfeitamente aceitável atitudes desonestas e corruptas acontecendo diariamente bem ao nosso lado.

Não se trata de 20 centavos e sim do que esse aumento representa.
Vivemos em uma cidade que privilegia o automóvel, onde as pessoas desperdiçam entre duas e três horas por dia no trânsito, dentro de um carro ou ônibus, e, definitivamente, não podemos considerar aceitável que um trabalhador chegue a destinar 26% do seu salário em um transporte público de quinta categoria.

Protesto pacífico?
Me poupe, isso não incomoda, precisamos nos impor e essa é a nossa chance de chocar a população que assiste a tudo confortavelmente de seus sofás sob o óbvio argumento de que “não precisava ter vandalismo”.
Estamos falando de coisas, vidros que serão repostos, pichações que serão devidamente limpas, e daí? Será que isso é realmente o mais importante?

Então pare de uma vez por todas com esse argumento inconsistente porque ele não se mantém.
Assuma de vez a postura que lhe convém pois estamos com uma oportunidade única nas mãos de mudar alguma coisa, de mostrar aos que estão no comando que estamos cansados de verdade e que é melhor prestar atenção a esse novo modelo de povo, que pensa.

Não cidadãos, não chorem e não se assustem no meio da confusão, esse é um protesto legítimo e necessário, acreditem.