Manifesto FAUUSP

 

“Um mundo diferente não pode ser construído por pessoas indiferentes”.
(Peter Marshall)

Porque um arquiteto não pode ser indiferente às desigualdades sociais e à segregação crescente em nossas cidades.

MANIFESTO EM FAVOR DA LEGALIDADE E DA DEMOCRACIA FAUUSP

Na qualidade de profissionais e docentes de Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP comprometidos com cidades e sociedades mais justas, não podemos tolerar que nossas instituições democráticas, construídas sob décadas de lutas sociais, a começar pela Constituição de 1988, sejam desmanchadas num crescente processo de embrutecimento do país.

Nesses termos subscrevemos com nossos colegas da EACH-USP a manifestação que afirma nossa posição em defesa do Estado Democrático de Direito:

Ao mesmo tempo em que nos solidarizamos com a população indignada com as denúncias de corrupção que se sucedem há anos em nosso país, surgidas a cada nova investigação conduzida pelos poderes Judiciário e Legislativo – e que envolvem praticamente todos os principais partidos políticos – ressaltamos a importância de que o trabalho de investigação observe o devido processo legal, respeite garantias individuais e preserve as instituições e valores democráticos, tão duramente conquistados pela sociedade brasileira.

Repudiamos o enviesamento da cobertura midiática, pautada pela espetacularização dos fatos e pela tentativa de imputar culpabilidade antes das apurações e do amplo direito de defesa. Condenamos, portanto, a prática de vazamentos seletivos à imprensa  de informações relativas às investigações, os quais ao fim e ao cabo resultam no progressivo esfacelamento da imagem de nossas instituições perante a opinião pública.

Preocupa-nos o clima de convulsão social, agravado a cada minuto. A legalidade e a democracia devem ser preservadas a todo custo, e não é admissível que a mídia, organizações da sociedade civil ou os diferentes movimentos que ocupam as ruas tomem para si o exercício da aplicação da justiça.

Chamamos a atenção para o imperativo da manutenção das garantias constitucionais, para a necessidade de construção do diálogo e para a importância de que todos os agentes públicos trabalhem pela efetivação dos preceitos previstos na Carta Magna promulgada em 1988.

Assinam este documento:

Alexandre Delijacov
Alvaro Puntoni
Ana Barone
Ana Castro
Ana Lanna
Angelo Filardo
Antonio Carlos Barossi
Antonio Carlos Sant’Anna Jr.
Beatriz Rufino
Caio Santo Amore
Camila D’Ottaviano
Catharina Pinheiro
Eduardo Nobre
Érica Yukiko Yoshioka
Erminia Maricato
Eugênio Queiroga
Fábio Mariz Gonçalves
Flávia Brito
Flávio Villaça
Gil Barros
Giselle Beiguelman
Guilherme Wisnik
Helena Ayoub
Joana Melo
João Meyer
João Whitaker
Jorge Bassani
José Lira
Karina Leitão
Khaled Ghoubar
Klara Kaiser
Leandro Medrano
Luciana Royer
Luiz Recaman
Marcos Braga
Maria Cecília França Lourenço
Maria Cecília Loschiavo
Maria Cristina da Silva Leme
Maria de Lourdes Zuquim
Maria Lucia Refinetti Martins
Mário Henrique D’Agostino
Nilce Aravecchia Botas
Nilton Ricoy
Nuno Fonseca
Paula Santoro
Paulo Cesar Xavier Pereira
Paulo Eduardo Fonseca
Raquel Rolnik
Rodrigo Queiroz
Reginaldo Ronconi
Rosana Miranda
Shundi Iwamizu
Silvio Dworecki
Tatiana Sakurai
Vera Pallamin
Vladimir Bartalini

Publicado em 22/03/2106 via observaSP.