Reforma no Parque Ibirapuera

No final do mês de março, saiu a autorização do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para uma nova reforma no Parque Ibirapuera. A ideia é priorizar o pedestre, diminuindo o número de vagas para automóveis e disponibilizando mais áreas verdes e circuláveis. Mas a melhor notícia de todas, na minha opinião, claro, é que o autor do projeto é nada menos que o arquiteto (e prêmio Pritzker) Paulo Mendes da Rocha!

Entre as mudanças previstas, estão a construção de uma praça, entre a Oca e o Auditório Ibirapuera, onde atualmente há um estacionamento, a supressão de uma rua entre a Bienal e a Oca e a abertura de uma nova saída para os carros, em frente ao Viaduto General Marcondes Salgado, confira a ilustração a seguir com o antes e depois.

 

antes e depois da reforma no parque ibirapuera | imagem: sãopaulosão

 

  1. Rua de acesso à Oca e ao Auditório Ibirapuera será transformada em área verde;
  2. Estacionamento será transformado em praça;
  3. Vagas para ônibus e deficientes em baia que será construída em frente a praça e também a implementação de portão de saída com semáforo e acesso à Av. Pedro Álvares Cabral.

Feita com piso permeável, a praça será a principal entrada para o Ibirapuera, bem em frente ao Obelisco, mas as grades que circundam o parque não serão retiradas. A praça também deve valorizar o início, ou a “cabeça” da marquise do parque, “a alma do projeto de Oscar Niemeyer“, de acordo com o autor do projeto.

Com essa nova área, serão suprimidas 71 vagas de estacionamento (deles, sobrarão apenas as árvores nos canteiros), em compensação, do lado de fora do parque, serão criadas outras 26 em uma baia separada da avenida Pedro Álvares Cabral, que serão destinadas a pessoas com necessidades especiais.

O local também será reservado para a parada de ônibus. A cobertura do ponto que existe hoje será duplicada. O secretário municipal da Cultura, Nabil Bonduki, diz que há uma negociação em curso com a Assembleia Legislativa para que o estacionamento do prédio seja usado não só nos finais de semana, mas também à noite para quem vai ao anfiteatro.

“A pé a aproximação do parque é mais agradável”.
(Paulo Mendes da Rocha)

O parque é um espaço público e deve atender democraticamente a população em geral, só que a grande maioria não tem acesso facilitado para chegar em alguns locais da cidade. Acredito que intervenções como essa são fundamentais em nome da mobilidade urbana, que valoriza o pedestre e dificulta o acúmulo de veículos em áreas de lazer.

Eu mesma devo confessar que vou muitas vezes de carro ao parque, mas procuro os horários alternativos mais vazios, pois nos de pico e finais de semana, o Ibira mais parece um shopping center e já até presenciei diversas discussões entre motoristas por causa de vagas de estacionamento, dá pra acreditar? E vamos combinar que pegar um busão não dói, né? Conheço pessoas que jamais se “aventurariam” em um passeio de transporte público, mas enquanto as pessoas não pensarem no coletivo e continuarem a abastecer loucamente as ruas de automóveis, não conseguiremos avançar rumo a uma cidade mais sustentável e menos caótica.

Fonte: Folha de São Paulo