Desrespeito ao Teatro Oficina

Que fazemos parte de um crescimento urbano desenfreado, todo mundo já sabe, mas é sempre muito triste quando vemos os estragos da especulação imobiliária invadindo os espaços do nosso patrimônio cultural.

Na verdade nem é esse o único problema, o descaso com a demanda habitacional da população carente e a forma como os interesses em jogo são conduzidos, trazem muita revolta aos que pouco podem interferir nesse processo tão injusto.

Torres vizinhas

Um exemplo disso é o recente parecer do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico), que autorizou a construção de duas torres comerciais no terreno vizinho ao Teatro Oficina.
O terreno é de propriedade da empresa Sisan, braço imobiliário do grupo do empresário Silvio Santos.

fachada do teatro oficina | imagem: Nilton Fukuda
fachada do teatro oficina | imagem: Nilton Fukuda

O teatro é tombado pelos três órgãos de proteção ao patrimônio, pelo municipal Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) desde 2003, pelo estadual Condephaat desde 1982 e pelo federal Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) desde 2010.

Um pouco de história

Fundado em 1958 na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo por Amir Haddad, José Celso Martinez Correa e Carlos Queiroz Telles, o Teatro Oficina reuniu grandes nomes das artes cênicas e também foi palco do Tropicalismo, que influenciou artistas de toda uma geração.

Após um incêndio em 1966, o teatro foi reconstruído através do projeto de Lina Bo Bardi e Edson Elito, baseado nos conceitos de rua e passagem de um espaço cênico unificado.

concepção do teatro oficina no novo projeto
concepção do teatro oficina no novo projeto | imagem: estadão

No último dia 05 houve uma audiência pública no Teatro que contou com a presença de políticos, moradores da região do Bixiga e também artistas, todos mobilizados em defender o preservar o entorno da região.

De qualquer forma vale lembrar que qualquer tipo de intervenção no entorno de um bem tombado precisa de aprovação de todos os órgãos que protegem o bem, então sem a autorização do Iphan, nada pode ser construído.

Vamos acompanhar o desenrolar desse processo.