Rio 2016, eu fui!

“E como foi lá nas Olimpíadas?”. Essa foi a pergunta que mais ouvi nesses dias, então vou contar aqui pra vocês um pouquinho dessa experiência incrível que tive como estreante nos Jogos.

Eu e minha família (marido e filho pequeno), nos programamos com mais de um ano de antecedência para o evento e assim que os ingressos ficaram disponíveis para venda, ainda apenas por sorteio, fizemos nossa lista, as contas e apostamos nas modalidades preferidas. Tivemos sorte, fomos sorteados para assistir Usain Bolt, final do judô, da vela, mas ainda conseguimos comprar facilmente outros ingressos menos concorridos. Vimos medalhas, derrotas, a garra dos atletas refugiados e também cantamos emocionados o hino nacional.

 

Logo Rio 2016, na Marina da Glória, com o Corcovado ao fundo I Imagem: arquivo pessoal

Mas o que gostaria de compartilhar aqui com vocês não é nem sobre a performance dos atletas ou o quadro de medalhas e sim sobre a organização dos Jogos Olímpicos no Brasil. Nunca nos sentimos tão seguros e acolhidos em um evento, estava tudo impecável e nem sinal de zica, violência ou terrorismo. Claro que eu sei que esse paraíso na terra está muito distante do que é o Rio de Janeiro na real e que as pessoas mereciam, sem dúvida, todo esse bônus de melhorias em seu dia a dia, mas o que eu quero dizer é que funcionou perfeitamente, o que não deixa de ser um grande mérito para a cidade.

Fizemos praticamente tudo de transporte público, VLT, metrô e BRT, aliás, o primeiro melhor do que o de Amsterdã, diga-se de passagem, e como estávamos com criança, percebemos que a acessibilidade cumpriu o seu papel com rampas adequadas, entradas e filas preferenciais, além de elevadores e assentos sempre disponíveis. Para cadeirantes e pessoas com demais deficiências, voluntários davam uma atenção maior, conduzindo-os até os locais dos eventos, inclusive com carrinhos elétricos, quando necessário.

O Parque Olímpico foi uma atração a parte, grandioso e imponente, encantou a todos que chegavam e iam passando pelas arenas e estádios destinados às modalidades específicas. Mas o que realmente mais me impressionou, não só ali, como em todo evento, foi a organização para controle do fluxo de pessoas. Sim, esse fluxo foi, sem dúvida, o ponto chave para que tudo funcionasse perfeitamente, já que milhares de pessoas circulavam por ali e sem o devido controle em relação a entrada e saída das provas, tudo acabaria sendo um grande e incontrolável tumulto.

Confesso que senti falta de árvores e locais abrigados, tanto nos dias ensolarados como nos de chuva, pois as arenas e estádios só abriam na hora dos eventos mesmo e não tínhamos muito onde esperar, mas demos nosso jeitinho. A variedade na alimentação também me surpreendeu, esperava não encontrar muitas opções além de junk food, mas haviam comidinhas bem saudáveis, como massas diversas e sanduíches de frango, por exemplo. Os preços não eram mais caros que os dos fast foods e para evitar filas e almoçar com tranquilidade, chegávamos cedo, simples assim. Já sobre os souvenirs que as pessoas sempre gostam de levar para casa, não posso dizer o mesmo, todos os itens oficiais do evento eram caríssimos, inviabilizando levar mimos aos amigos e parentes, como gostaríamos, uma pena.

Não posso deixar de falar também sobre os voluntários, nossa, que gente feliz! Era realmente contagiante, todos muito bem preparados, gentis e extremamente dispostos a ajudar, mesmo no final do dia, quando todos estavam esgotados. Eles cantavam nos megafones, saudavam argentinos, italianos e alemães, que adoravam a bagunça, além de muitos serem idosos ou terem alguma deficiência, inspirador de verdade.

Pois é, durante um ano e meio, lemos e ouvimos bobagens de todos os níveis, desde pessoas próximas que não se preocupavam em nos magoar com suas opiniões desrespeitosas sobre “quem em sã consciência iria às Olimpíadas”, como também daqueles típicos formadores de opinião desprovidos de conteúdo mesmo, que sempre jogam contra mas que nada fazem para muda qualquer situação. As pessoas confundiam facilmente as falcatruas políticas, existentes em praticamente todos os processos licitatórios para construções de grandes obras em nosso país, com o evento em si e esqueciam do seu verdadeiro significado, que atletas de todo o planeta, após vidas inteiras dedicadas ao esporte, estavam ali, por aquele momento, em nome de valores e princípios tão nobres que deveriam inspirar a todos. Sim, foi assim que me senti, inspirada por pessoas que nunca desistem das coisas que acreditam, que superam seus limites e emocionam a todos que têm o privilégio, como eu e minha família, de acompanhar esses momentos.

E para quem não pôde acompanhar os Jogos, fica a dica, em setembro começam as Paralimpíadas, com ingressos mais acessíveis para conhecer a mesma estrutura das Olimpíadas. A cidade estará mais vazia e com maior disponibilidade de vagas, portanto, não perca essa chance única e comece a escolher seus ingressos.