Essa semana foi ao ar uma matéria sobre acessibilidade no site do iG, onde dei uma entrevista, e que gostaria de compartilhar com vocês.
Acessibilidade dentro de casa
Saiba como adaptar uma residência aos usuários de cadeiras de rodas com segurança, conforto e liberdade
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Lívia Alves, iG São Paulo | 06/02/2010 20:25
Nada melhor do que chegar em casa e poder desfrutar de conforto e liberdade. A habitação é um ambiente particular, onde cada um impõe suas necessidades e busca sua identidade. Esse é um direito de todos, inclusive daqueles que vivem em cadeiras de rodas.
Segundo estatísticas do IBGE, no Brasil, existem mais de 9.300 cadeirantes e, mesmo assim, ainda é muito difícil encontrar lugares adaptados ou próprios para essas pessoas. “Passei cinco anos procurando um lugar para morar que tivesse o mínimo de acessibilidade, com rampas e um bom espaço externo”, diz a vereadora de São Paulo Mara Gabrilli, que ficou tetraplégica após um acidente de carro, em 1994.
Tornar a residência acessível é dar possibilidade e condição de acesso, circulação, aproximação e alcance a um usuário de cadeira de rodas. De acordo com a doutora em arquitetura inclusiva e diretora-presidente do Instituto Brasil Acessível, Sandra Perito, é a junção desses elementos que torna a residência um lugar seguro, confortável e apto a um cadeirante.
Facilite o acesso
Oferecer condição de acesso é eliminar qualquer desnível que possa existir no decorrer no percurso. “Todo piso deve ter superfície regular, firme, estável, antiderrapante e que não provoque trepidações”, afirma a arquiteta Karla Cunha. Além disso, é importante que os capachos sejam embutidos no piso e os tapetes ou forrações tenham suas bordas firmemente fixadas. Caso contrário, simplesmente elimine esses objetos.
Libere a circulação
Outra condição muito importante ao cadeirante é a circulação. “A idéia principal de adaptar um lugar é dar total independência ao morador deste local, dar espaço suficiente para que ele consiga se movimentar o máximo possível, diz Sandra.
No caso dos usuários de cadeiras de rodas, uma das recomendações mais importante dentro de um lar é que ele tenha uma área de giro de 360º para se mover com total liberdade e autonomia. “Gosto de ser livre, de me movimentar. A pior coisa é ter que chegar em casa, depois de um dia inteiro de trabalho e ficar fazendo manobras para entrar nos lugares”, afirma Mara.
Segundo a arquiteta especializada em acessibilidade, Thais Frota não é necessário um lugar imenso para que o cadeirante tenha liberdade e sim, que o espaço, seja bem projetado com todas as devidas recomendações.
Aumente os espaços
“As portas precisam ter no mínimo 80 cm de vão livre, os corredores, 1,20 m de comprimento e, no caso de prédios, os elevadores têm que medir 80 cm de largura x 1,20 m de comprimento”, explica Thais. Além disso, recomenda-se colocar bancos fixos e barras de sustentação dentro dos boxes do banheiro para facilitar o banho dos cadeirantes.
As barras de sustentação, que também são colocadas ao lado do vaso sanitário devem ter 70 cm de comprimento e precisam estar a 75 cm do chão. “No boxe é correto colocar duas barras de apoio, uma na vertical e outra na horizontal e no vaso sanitário uma de casa lado”, afirma Thais.
Apesar de serem medidas maiores que o normal, como no caso das portas, corredores e elevadores, a vereadora Mara Gabrilli garante que existem alternativas que equilibram esse espaço e não atrapalham os usuários de cadeiras de rodas, como utilizar portas de correr e tirar as paredes da residência. “Meu quarto e banheiro são unidos. Isso facilitou muito o deslocamento e trouxe conforto”, relata Mara.
Garanta a aproximação
A aproximação é a terceira condição para que o cadeirante sinta-se a vontade em sua própria residência. “O mais importante é retirar todos os gabinetes e colunas sob os lavatórios, pois o usuário de cadeira de rodas precisa do espaço inferior livre para que a cadeira e suas pernas possam se adequar ao ambiente”, afirma Thais.
O portador da cadeira de rodas necessita poder alcançar peças e objetos para realizar todas as suas atividades. Neste caso é preciso prestar atenção quanto a altura e distancia de torneiras, janelas, espelhos, mesas e interruptores.
Segundo Sandra Perito, para maior conforto do cadeirante é recomendado colocar as torneiras ao lado da pia. Além disso, as janelas têm que ser baixas (80 cm) para facilitar a visualização de fora e os interruptores adaptados ao alcance de todos, sejam cadeirantes ou não. Nos espelhos recomenda-se uma inclinação de 10º para frente.
Conforto individual
Apesar de todas essas recomendações em medidas, quando se fala em residências particulares adaptadas não existe um tamanho padrão e sim medidas individuais. “Estamos sempre nos baseando na norma da ABNT NBR 9050 (Associação Brasileira de Normas Técnicas), de 2004, mas quando adaptamos residências particulares, o importante é verificar a necessidade e medidas específicas de cada pessoa”, afirma Thais.
“No início, uma das coisas que eu menos gostava era tomar banho sentada no banco dentro do chuveiro. Depois que eu descobri a banheira, minha vida mudou. Com o tempo, dentro do novo lar, a pessoa descobre suas necessidades e procura adaptá-las”, diz Mara.
Mesmo assim, segundo Karla, nas áreas comuns, como entradas de prédios, jardins e áreas de lazer, essas adaptações padrões são obrigatórias e devem ser cobradas por todos, principalmente pelo responsável do condomínio ou prédio.
Acessibilidade também nas áreas comuns
“Aqui no prédio, nós modificamos a calçada da frente e colocamos um elevador para acessar a piscina interna, pois antes só tinha escadas”, diz Lucas Alvarez, arquiteto e síndico do prédio da vereadora Mara Gabrilli.
Sob sua orientação também foi instalado piso antiderrapante sem desníveis na calçada da frente e na área de circulação interna do edifício. “Temos que transformar a realidade para que se tenha mais opções de moradias para usuários de cadeiras de rodas no Brasil”, finaliza.
Gostaria de um modelo de casa na metragem 7,50 por 10mts
que seja acessivel para cadeirantes e que fosse bem dividida e arejada.Obrigada pela ajuda
Olá Joana,
Não tenho “modelos prontos” de casas, pois cada projeto é desenvolvido de acordo com as necessidades de cada cliente, tudo muito personalizado mesmo.
Caso você esteja pensando em desenvolver um projeto, entre em contato.
Até mais,
Karla.
eu estou fazendo um projeto sobre acessibilidade. gostei muito das suas informaçoes!!
adoraria ler mais postagens sobre acessibilidade!!
Olá Gaby,
A ideia é mesmo postar sempre sobre esse assunto tão importante quando se fala em sustentabilidade.
Até mais,
Karla.
aceito troca dde ideias sobre deficientes